Voltar

Reflexões

O risco hidrológico nacional nos últimos anos: acaso ou estrutural?

30 AGO 2021

Imagem O risco hidrológico nacional nos últimos anos: acaso ou estrutural?

Receba insights da Kinea exclusivos diretamente no seu e-mail.
Assine nossa
newsletter.

Ao assinar a newsletter, você aceita receber comunicados da Kinea e concorda com nossa Política de Privacidade.

“O clima está mudando mais rápido do que as ações para lidar com a questão”, Barack Obama

Em 2021, vemos uma situação hídrica atípica, em que os níveis de chuva (medido pela Energia Natural Afluente – ENA), no período de abril a julho, representaram apenas 56% da média histórica (MLT), o pior resultado dos últimos 20 anos. Nossos reservatórios terminaram julho com apenas 35% da capacidade.

Notamos que o Brasil tem observado déficit hídrico, com alta recorrência, nos últimos anos. Desde 2014, os níveis de chuvas têm ficado abaixo de 75% da média histórica, mas o país tem conseguido evitar crises mais graves, com o apoio de maior capacidade de geração ‘não hidrelétrica’ (eólicas e térmicas representam cerca 30% da geração nacional), além do baixo crescimento de demanda por energia, observado neste período (em média 2%, desde 2014). Mas em 2021, a pressão sob o sistema elétrico nacional se intensificou com a recuperação da economia e a falta de chuvas. Mas qual é a chance de apagão?

Série histórica da Energisa Natural Afluente (ENA), em % da média de longo termo (MLT)

Série histórica da Energisa Natural Afluente (ENA), em % da média de longo termo (MLT)

Fonte: ONS

Para os próximos meses de período seco (até novembro de 2021), devemos monitorar três variáveis principais:

  • os níveis de chuva (medido pela ENA);
  • o nível de despacho de geração não-hidrelétrica;
  • e o crescimento na demanda de energia.

Vamos começar supondo que a ENA de agosto a novembro continue no patamar atual, de 56% (comparado a 73% de média para este período desde 2014). Nesse caso, poderemos chegar ao fim de novembro com reservatórios no nível crítico de 11-12%, acarretando possíveis sobrecargas nos períodos de pico de demanda. Essa projeção considera também o crescimento de 3% de demanda de energia no período além do nível de despacho térmico, no máximo da capacidade disponível (cerca de 19 GW médios).

Série histórica dos reservatórios (em %), Níveis reportados e projeções:

Série histórica dos reservatórios (em %), Níveis reportados e projeções:

Fonte: O.N.S, Itaú BBA, Kinea

Note que o nível de ENA abaixo de 60%, nos períodos de agosto a novembro, ocorreu em apenas 2 anos desde 2000 (ou seja, ocorrência de 9.5% da série histórica). Portanto, acreditamos que tal conjuntura, apesar de possível (vide a situação hidrológica atualmente atípica), é de rara ocorrência, considerando os dados passados.

Vale destacar também que apesar de o padrão de chuvas fracas, observado nos últimos meses, chama atenção por sua raridade, uma estação seca desfavorável pode ser facilmente compensada por uma estação chuvosa “normalizada” ou “menos desfavorável”.

Historicamente no Brasil, o período chuvoso (entre dezembro e maio) de cada ano foi responsável por 66% da ENA anual que chega aos reservatórios, enquanto o período seco (junho a novembro) representa apenas 34% do total. Logo, mesmo se chegarmos em novembro de 2021 com o nível de 11% dos reservatórios, observarmos a ENA do próximo período chuvoso (dezembro a abril) acima de 66% da MLT (o que representa 90% das ocorrências na série histórica desde 2000 para o período), retomaríamos, em abril de 2022, com o mesmo nível de reservatórios observados em abril de 2021 (quando o risco de racionamento era considerado baixo). Destacamos também que com a possível entrada na base de, aproximadamente, 7GW de capacidade nova de geração térmica ao longo de 2022, a pressão hídrica para o próximo ano poderá ser amenizada.

Série histórica dos reservatórios (em %). Níveis reportados e projeções:

Série histórica dos reservatórios (em %), Níveis reportados e projeções:

Fonte: O.N.S, Itaú BBA, Kinea

Sendo assim, a probabilidade de racionamento parece baixa, ainda. Mas a operação do sistema, com termelétricas despachando no máximo, tem aumentado o custo da energia com efeitos negativos sobre inflação e crescimento econômico. Logo, uma pergunta crítica é: a situação atual foi causada apenas pelo acaso, fruto de um volume muito atípico de chuvas? Em certa medida sim, mas parece também existir um componente estrutural de mudança no regime de ENA no Brasil. Afinal, sete das oito piores séries de ENA dos últimos 20 anos, foram registradas nos últimos oito anos. Tal “coincidência” de resultados ruins, em curto espaço de tempo, traz desconfiança que chuvas abaixo da dita “média histórica de longo prazo” podem na verdade ser mais frequentes do que aquelas consideradas pela O.N.S, na operação do sistema elétrico nacional.

continua após a newsletter

Receba insights da Kinea exclusivos diretamente no seu e-mail.
Assine nossa newsletter.

Ao assinar a newsletter, você aceita receber comunicados da Kinea e concorda com nossa Política de Privacidade.

Saiba onde investir nos fundos Kinea

Entre em contato e saiba como adquirir um de nossos fundos.

Receba insights exclusivos

Cadastre-se em nossa newsletter

E fique por dentro do mercado de fundos

Ao se cadastrar você concordar com nossa Política de Privacidade.

Este material foi elaborado pela Kinea (Kinea Investimentos Ltda e Kinea Private Equity Investimentos S.A.), empresa do Grupo Itaú Unibanco. A Kinea não comercializa e nem distribui cotas de fundos de investimentos. Leia o regulamento e demais documentos legais do fundo antes de investir. Os fundos são supervisionados e fiscalizados pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. Os fundos de condomínio aberto e não destinados a investidores qualificados possuem lâminas de informações essenciais. Estes documentos podem ser consultados no site da CVM http://www.cvm.gov.br/ ou no site dos respectivos Administradores dos fundos. Não há garantia de tratamento tributário de longo prazo para os fundos que informam buscar este tratamento no regulamento. Os fundos da Kinea não são registrados nos Estados Unidos da América sob o Investment Company Act de 1940 ou sob o Securities Act de 1933. Não podem ser oferecidos ou vendidos nos Estados Unidos da América ou em qualquer um de seus territórios, possessões ou áreas sujeitas a sua jurisdição, ou a pessoas que sejam consideradas como U.S. Persons para fins da regulamentação de mercado de capitais norte-americana. Os Fundos de Investimento da Kinea podem apresentar um alto grau de volatilidade e risco. Alguns fundos informam no regulamento que utilizam estratégias com derivativos como parte de sua política de investimento, que da forma que são adotadas, podem resultar em perdas de patrimônio financeiro para seus cotistas superiores ao capital aplicado, obrigando o cotista a aportar recursos adicionais para cobertura do fundo. É recomendada uma avaliação de performance de fundos de investimento em análise de no mínimo 12 meses. A rentabilidade passada não garante a rentabilidade futura e fundos de investimento não são garantidos pela Instituição Administradora, ou por qualquer mecanismo de seguro, ou ainda pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC. Os Fundos de Investimento em Participações são fundos de condomínios fechados em que as cotas somente são resgatadas ao término do prazo de duração do fundo. Esta modalidade concentra a carteira em poucos ativos de baixa liquidez, o que pode resultar em perdas de patrimônio financeiro para seus cotistas que podem superar o capital aplicado, acarretando na obrigatoriedade do cotista aportar recursos adicionais para cobertura do fundo no caso de resultado negativo. Os Fundos de Investimento Imobiliário são fundos de condomínios fechados em que as cotas não são resgatáveis onde os cotistas podem ter dificuldade em alienar suas cotas no mercado secundário. Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios são fundos de condomínios abertos ou fechados, sendo que: (i) quando condomínios abertos, o resgate das cotas está condicionado à disponibilidade de caixa do fundo; e (ii) quando condomínios fechados, em que as cotas não são resgatáveis, os cotistas podem ter dificuldade em alienar suas cotas no mercado secundário. As opiniões, estimativas e projeções refletem o atual julgamento do responsável pelo seu conteúdo na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. As projeções utilizam dados históricos e suposições, de forma que devem ser realizadas as seguintes advertências: (1) Não estão livres de erros; (2) Não é possível garantir que os cenários obtidos venham efetivamente a ocorrer; (3) Não configuram, em nenhuma hipótese, promessa ou garantia de retorno esperado nem de exposição máxima de perda; e (4) Não devem ser utilizadas para embasar nenhum procedimento administrativo perante órgãos fiscalizadores ou reguladores. Este conteúdo é informativo e não constitui nem deve ser interpretado como oferta ou solicitação de compra ou venda de valores mobiliários, instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócios específica, qualquer que seja a jurisdição. Algumas das informações aqui contidas foram obtidas com base em dados de mercado e de fontes públicas consideradas confiáveis. O Grupo Itaú Unibanco e a Kinea não declaram ou garantem, de forma expressa ou implícita, a integridade, confiabilidade ou exatidão de tais informações e se eximem de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização desse material e de seu conteúdo. Esse material não pode ser reproduzido ou redistribuído para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento por escrito da Kinea. Quaisquer outras informações ou esclarecimentos sobre o Fundo poderão ser obtidos com o Administrador e o Gestor, através do e-mail: relacionamento@kinea.com.br